As imagens do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) correndo com uma mala de R$ 500 mil de propina da J&F entraram para a história da Lava-Jato há um ano e meio. Até hoje em prisão domiciliar, Rocha Loures é réu em uma ação penal por corrupção passiva referente ao episódio e, nesta semana, apresentou pela primeira vez sua versão dos fatos — desde que estourou o caso, ele nunca havia se pronunciado. O Globo obteve o vídeo do depoimento prestado por Rocha Loures ao juiz da 15ª Vara Federal de Brasília, Jaime Travassos, na última quarta-feira.
As falas apresentam contradições, dentre elas com a própria defesa — os advogados haviam apontado que o ex-deputado recebeu a mala “sem saber qual era seu conteúdo”. À Justiça, embora Rocha Loures afirme que nunca abriu a mala, ele deixa claro que sabia que havia conteúdo ilícito e disse que não queria recebê-la.
NÃO ENTENDEU… – O ex-deputado afirmou que não entendeu que as ofertas do empresário Joesley Batista eram propina e disse que foi incumbido pelo presidente Michel Temer (MDB) da missão de ouvir as suas demandas.
O empresário pediu a Rocha Loures a interferência em um processo de seu interesse no Cade — uma disputa empresarial do grupo J&F com a Petrobras. A investigação da Polícia Federal (PF) mostra que Rocha Loures telefona para o então superintendente do Cade, Eduardo Frade, pede para dar atenção ao assunto e marca uma reunião. Em seu depoimento à Justiça, porém, ele negou ter ajudado o empresário:
— Ele (Joesley) me diz, atrapalhadamente, ele pega e fala assim: ‘Se você resolver esse assunto pra mim, tem lá 5% disso, 5% daquilo’. (…) Eu não entendi que foi uma oferta de propina, eu não entendi que ele estava oferecendo a mim esses valores e eu não iria fazer nada por ele, como não fiz.
R$ 38 MILHÕES – Os 5% oferecidos por Joesley, a serem pagos em parcelas, totalizariam R$ 38 milhões, segundo a denúncia do caso. Posteriormente, Rocha Loures se encontrou pessoalmente com Ricardo Saud, executivo da J&F, em 24 de abril, em São Paulo. O executivo também falou de propina, mas ele diz que novamente não acreditou.
Segundo o ex-deputado, “a ficha caiu” no novo encontro que teve com Saud, em 28 de abril, no qual ele levou uma mala para lhe entregar — a famosa mala dos R$ 500 mil. Rocha Loures, de acordo com sua versão, teria dito ao executivo que não queria receber a mala, mas não soube explicar por que a gravação de áudio da PF não mostra essa recusa.
QUESTIONAMENTOS – Diante da narrativa, o juiz Jaime Travassos faz questionamentos incisivos a Rocha Loures. Quis saber por que ele continuou mantendo encontros com Saud:
— Eu quero saber o que justificou a um deputado federal com uma ampla história profissional e pessoal a se seduzir por esses convites, e chegar a se reunir com pessoas que o senhor afirma que não tinha empatia pessoal, quatro dias após um primeiro encontro, que já lhe sugeriu algo que não encaixava as peças do quebra-cabeça.
O ex-deputado respondeu: — Então eu vou lhe responder. O presidente havia pedido para eu ouvir as demandas do grupo. O presidente não pediu pra eu resolver, nem fazer ilícitos com quem quer que seja, o presidente pediu pra ouvir as demandas do grupo. Então, Excelência, até prova em contrário, ou até mudar esse acordo com o presidente, eu sou uma pessoa solícita, mas eu não sou venal, não sou corrupto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Rocha Loures é um bobão. Inventou uma história da Carochinha para engabelar o juiz. Se fosse assim tão fácil, ninguém jamais iria preso. Seu destino é a cadeia, sem tornozeleira. (C.N.)
Por Aguirre Talento/ O Globo
http://www.tribunadainternet.com.br/piada-do-ano-rocha-loures-diz-que-nao-sabia-que-havia-dinheiro-na-mala/
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